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Foto do escritorDr Rodrigo Lanna

Colesterol: o bom, o mau e o feio - parte 1

Vivemos na era da informação! Eu ainda presenciei um tempo em que para saber o que estava acontecendo no mundo, precisávamos esperar pelo telejornal da noite (ou o temido plantão com sua vinheta), o jornal impresso ou uma revista. Não me deixa de impressionar que, tirando o smartphone do bolso, consigo em poucos movimentos saber de tanta coisa.


Por isso mesmo acredito que o nome colesterol seja bem conhecido. Além disso, muitos também já ouviram dizer que há um colesterol bom (HDL) e um outro que é mau (LDL). Os laboratórios deixam os valores de referência com uma tabela de "aceitável" e de "desejável" contendo alguns valores, mas sem maiores explicações. Com esse mundo de informações desencontradas, é comum aparecer alguém no consultório bastante confuso e sem saber exatamente qual a importância daquele monte de número em sua saúde e o que deve ser feito.



Vamos clarear esses conceitos e tentar mudar um pouco o paradigma.


O colesterol é um tipo de gordura presente no corpo de todos os animais e é importante para as nossas células e para a fabricação de alguns de nossos hormônios. O LDL (sigla em inglês para lipoproteína de baixa densidade) recebeu esse título de "colesterol ruim" por apresentar uma forte associação com a formação de placas de gordura nos vasos sanguíneos (especificamente as artérias). Estas placas são as responsáveis pela ocorrência de problemas como o infarto do coração, o AVC e outras doenças circulatórias. Já o HDL (também uma sigla inglês para lipoproteína de alta densidade) tem uma capacidade de facilitar a "retirada" do colesterol da circulação, o que reduziria a chance de formação dessas placas.


Nesse raciocínio, o nosso grande objetivo seria reduzir o colesterol ruim LDL e aumentar o HDL, correto?


Em parte. Da mesma forma que falamos no post sobre Hipertensão, nem tudo são flores. Perceba, mais do que buscar um valor específico de colesterol que é bom para todo mundo, nosso objetivo mesmo é evitar a ocorrência de infarto ou de AVC, as piores consequências das placas.


As medicações da família das estatinas (sinvastatina, rosuvastatina, atorvastatina) são excelentes para reduzir o risco de ocorrência destas doenças graves e parecem fazer isso reduzindo os níveis de LDL. Porém, até o momento, nenhuma medicação que comprovadamente aumenta o HDL conseguiu ser eficaz para a redução de doenças cardíacas ou circulatórias.


E isso também se aplica a diversos suplementos, vitaminas e outros produtos naturais. Alguns deles conseguem, realmente, causar alguma redução de LDL ou aumento de HDL, mas nenhum deles foi capaz de reduzir infarto, AVC ou envelhecimento em estudos científicos. Muitos destes suplementos são, inclusive, bastante caros. Um dinheiro que seria melhor investido, por exemplo, comprando alimentos orgânicos ou pagando aquela mensalidade da academia.



Os níveis ideais de colesterol para uma pessoa também seguem esta mesma filosofia. Como o nosso objetivo principal é evitar a ocorrência de problemas graves como um infarto, o médico realiza uma avaliação do seu risco global de desenvolver doenças cardiovasculares e indica qual a meta a ser buscada de colesterol, em especial do LDL. Para situações de maior risco, buscaremos valores de LDL mais baixo. Em pessoas jovens e de baixo risco, podemos ter um controle menos rigoroso.


Lembre-se, não existe pílula mágica que resolve todos os problemas. Ter um médico de sua confiança e disponível para fazer uma avaliação cuidadosa do seu quadro e te ajudar a realizar estas mudanças é fundamental!



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